Há cerca de 20 anos, a Igreja Metodista Unida Garfield Memorial, em sua maioria branca, enfrentou uma decisão: focar nas pessoas de fora da igreja ou aceitar a diminuição da frequência dentro dela.
“As pessoas começaram a sentir: 'Talvez não tenhamos sido uma igreja. Talvez tenhamos sido um clube'”, disse o reverendo Chip Freed, o pastor líder da igreja desde 2004.
A igreja estava em declínio. Mas com um foco renovado na Grande Comissão e no Grande Mandamento, a igreja suburbana de Cleveland decidiu compartilhar o amor de Deus fora de suas portas - e dar as boas-vindas a quem quer que respondesse.
Com o tempo, Garfield Memorial cresceu de uma frequência média de cerca de 200 membros brancos de classe média para mais de 1.000 pessoas de origens econômicas e etnias variadas. Hoje, nenhum grupo étnico compreende mais de 52 por cento da congregação, agora com vários campus.
Um novo estudo abrangente da Igreja Metodista Unida mostra que a experiência de diversidade e crescimento da Igreja Garfield Memorial está longe de ser incomum.
O estudo liderado pela Universidade Baylor, publicado no jornal Social Forces, descobriu que as igrejas Metodistas Unidas com diversidade racial têm maior probabilidade de ter uma maior frequência ao culto ao longo do tempo do que as suas semelhantes brancas. A pesquisa também descobriu que as igrejas brancas em bairros não-brancos têm pior frequência.
Para chegar a essa conclusão, os autores do estudo rastrearam dados de frequência ao culto local de mais de 20.000 congregações Metodistas Unidas dos EUA de 1990 a 2010. Eles emparelharam essas informações com dados de bairro do US Census Bureau (Departamento de Censo dos EUA) para investigar o efeito da mudança demográfica nas congregações.
Os autores do estudo disseram que escolheram examinar a Igreja Metodista Unida - a terceira maior denominação dos Estados Unidos - por causa de seu tamanho, ampla extensão geográfica e história complexa com os pecados da escravidão e segregação racial.
“De certa forma, olhar para a Igreja Metodista Unida é olhar para a história dos Estados Unidos e as tendências contemporâneas em raça e religião”, disse Kevin D. Dougherty, o principal autor do estudo e professor de sociologia em Baylor. “Foi um estudo de caso excelente para nós, olhar o que acontece em bairros e igrejas ao longo de um período de tempo.”
Seus co-autores são os professores de sociologia Gerardo Martí, da Faculdade Davidson, e Todd W. Ferguson, da Universidade de Mary Hardin-Baylor.
Gallup e crescimento da igreja
Na mesma semana em que a Universidade Baylor publicou um estudo que destaca o crescimento da Igreja Metodista Unida, o Gallup divulgou sua pesquisa mostrando que a membresia dos americanos em casas de culto continua diminuindo.
Gallup descobriu que em 2020, 47% dos americanos disseram que pertenciam a uma igreja, sinagoga ou mesquita. Foi a primeira vez que essa porcentagem caiu para menos da metade na trend (tendência) da década de 80 do Gallup. Ao mesmo tempo, o número de americanos que não expressam nenhuma preferência religiosa continua a aumentar.
O Centro Lewis para a Liderança da Igreja no Seminário Teológico Wesley há muito tem prestado muita atenção ao envelhecimento e encolhimento da membresia Metodista Unida nos EUA e exortou que a igreja precisa de pessoas mais jovens e mais diversificadas.
Os dois andam de mãos dadas, disse o Rev. F. Douglas Powe Jr., diretor do Lewis Center.
“Se você alcançar pessoas mais jovens, você alcançará pessoas mais diversificadas, o que significa que terá uma congregação mais diversa”, disse Powe. “O grande desafio é que não estamos alcançando o suficiente dessas pessoas”.
O que eles aprenderam sobre o impacto da diversidade racial contradiz alguma sabedoria convencional de longa data de que as congregações crescem mais prontamente se tiverem como alvo um grupo cultural específico. Começando na década de 1970, alguns especialistas em crescimento de igrejas evangélicas popularizaram a frase “o princípio da unidade homogênea” - a ideia de que as igrejas florescem quando se restringem a pessoas da mesma raça e classe.
“As descobertas que temos para este período de tempo são a evidência mais forte até o momento de que o princípio da unidade homogênea, pelo menos para os metodistas, não é sua melhor estratégia de crescimento”, disse Dougherty.
As descobertas do estudo não surpreendem o Rev. Mark DeYmaz, autor de “Building a Healthy Multi-Ethnic Church” (Construindo uma Igreja Multiétnica Saudável).
“O arco da narrativa bíblica se inclina para a multietnicidade”, disse ele. Ele apontou Apocalipse 7: 9, que promete que, no final das contas, pessoas de todas as nações, tribos e línguas cantarão a glória de Deus.
“O testemunho da igreja está cada vez mais ligado à sua capacidade de envolver diversas pessoas de maneiras estruturalmente saudáveis, equitativas e significativas, não apenas dentro da igreja, mas na comunidade”, disse ele.
DeYmaz é o pastor fundador da Igreja Mosaic, uma congregação multiétnica e não denominacional em Little Rock, Arkansas.
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Ele e Freed também trabalham juntos como parte da Rede Global Mosaix, que se esforça para ajudar as congregações a se tornarem multiétnicas, economicamente diversas, culturalmente inteligentes, socialmente justas e financeiramente sustentáveis. Os dois também estão ajudando a liderar a nova Casa de Estudos Mosaix do Seminário Teológico United em Dayton, Ohio. O novo programa de doutorado e mestrado em divindade do seminário Metodista Unido para desenvolvedores de igrejas multiétnicas está agora recebendo inscrições para o semestre do outono.
Tanto Freed quanto DeYmaz enfatizam que ser multiétnico traz seus desafios. Quando uma igreja traz novas pessoas, espere mudanças.
Para Garfield Memorial, o novo foco externo envolveu a adoção de novos estilos de adoração e uma nova liderança racialmente diversa. Freed reconhece que as mudanças nem sempre foram bem aceitas por membros antigos.
Por exemplo, ele inicialmente ouviu reclamações de alguns frequentadores brancos da igreja de que os “Améns” dos membros negros durante os sermões eram uma distração. Agora, disse ele, os adoradores se preocupam quando não há “Améns” suficientes no culto.
Hoje, o alcance da Mosaic se estende por toda a área de Cleveland e os cultos de adoração apresentam música de louvor, hinos gospel e ocasionais artistas declamando.
O Rev. Terry McHugh, pastor executivo do Garfield Memorial, disse que os líderes da igreja costumam dizer aos que se unem: “Você provavelmente vai gostar de 70% do que acontece aqui. ... Mas você tem que lembrar que seus 30% provavelmente fazem parte dos 70% de outra pessoa.”
Ao contrário da Igreja Memorial Garfield de 181 anos, CityWell em Durham, Carolina do Norte, tem sido uma igreja Metodista Unida multiétnica desde o seu início há 10 anos.
“Faz parte do nosso DNA”, disse a pastora Crystal DesVignes.
Isso significou tomar uma posição às vezes, até mesmo em protesto contra o governo.
CityWell faz parte do movimento santuário que dá refúgio a imigrantes que enfrentam o que considera uma deportação injusta. A igreja foi notícia nacional em 2018, quando Samuel Oliver-Bruno, um homem a quem havia dado refúgio, foi deportado para o México em circunstâncias questionáveis.
Oliver-Bruno deixou a igreja para uma entrevista com os Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos como parte do processo de inscrição, mas quando ele chegou, agentes à paisana do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos - uma agência separada - o prenderam. Os membros do CityWell estavam entre mais de duas dezenas de pessoas presas tentando bloquear a van que o levava para a detenção.
Oliver-Bruno permanece no México após um grave acidente de carro, mas a igreja ainda está ministrando com ele e sua família.
O testemunho público de CityWell também atraiu novos membros para se unirem à igreja, disse DesVignes. Em 2019, a jovem congregação tinha em média cerca de 200 participantes.
A congregação também passou por algumas dores de crescimento, reconheceu DesVignes. No entanto, os fiéis continuam engajados mesmo quando a pandemia forçou a igreja a fazer adoração e estudos bíblicos online.
“É uma combinação de estar enraizado e alicerçado na comunidade, enraizado e alicerçado na ideia de que não somos apenas uma igreja que frequentamos, mas somos uma família de fé, portanto, somos irmãos em Cristo Jesus”, disse ela. “Então você não apenas se livra de sua família. Se você tiver algum conflito, converse.”
O número de congregações multirraciais na Igreja Metodista Unida está crescendo, mas permanecem uma minoria.
“Infelizmente, a igreja é tão segregada e a maioria das pessoas não experimentou isso”, disse Freed. “Mas quando você faz? Honestamente, temos membros de 50 anos que cresceram em uma igreja suburbana toda branca e eles dizem que não vão voltar ”.
*Hahn é editora assistente de notícias da Notícias MU. Contate-a em (615) 742-5470 ou newsdesk@umcom.org . Para ler mais notícias da Metodista Unida, assine os resumos quinzenais gratuitos.
**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para IMU_Hispana-Latina@umcom.org.