39 milhões de dólares.
Essa é a quantia reservada para os ministérios minoritários no protocolo proposto para resolver diferenças sobre a inclusão de LGBTQ na Igreja Metodista Unida. São 14 milhões de dólares a mais do que a nova denominação tradicionalista ainda sem nome obteria para financiar sua startup.
O que a questão LGBTQ tem a ver com o apoio das minorias raciais tradicionalmente mal atendidas na igreja?
"Ao pensar em qualquer tipo de reestruturação, reduções, realocações orçamentárias ou qualquer que seja o caso, as comunidades historicamente marginalizadas geralmente são afetadas", disse o Rev. Junius Dotson, que participou das negociações e é o principal executivo do Ministério de Discipulado Metodista Unido.
"Essa era uma preocupação real, de mantermos as comunidades mais vulneráveis em nosso alcance".
O Protocolo de Reconciliation & Grace Through Separation (Reconciliação e Graça Através da Separação), anunciado no início deste mês por uma ampla coalizão de líderes de igrejas, ainda está sendo elaborado como legislação e exigiria a aprovação da Conferência Geral de 2020.
Os 39 milhões de dólares, a serem distribuídos em oito anos, garantiriam essencialmente que os ministérios minoritários fossem financiados em seus níveis atuais naquele período, disse Dotson.
"A ideia era tentar evitar uma interrupção no financiamento e ... deixar claro que a igreja tem um compromisso com essas comunidades de cor".
O protocolo determina que “o objetivo desses fundos destinados será fortalecer os ministérios das comunidades asiáticas, negras, latino-americanas, nativas americanas e das ilhas do Pacífico, incentivar a participação plena de comunidades historicamente marginalizadas na governança e tomada de decisões da igreja, e garantir que o trabalho vital de treinar a próxima geração de líderes da Africa University seja mantido”.
O fato de as comunidades marginalizadas terem sido parte central da discussão sobre se, e como a Igreja Metodista Unida se dividirá ou se reorganizará é "histórico", disse a bispa LaTrelle Easterling, da Conferência de Baltimore-Washington, que esteve no painel que negociou o protocolo.
Bispa LaTrelle Easterling.
Foto de Tony Richards para a Conferência Baltimore-Washington.
"Isso não aconteceu no passado", disse Easterling. "Geralmente, essas coisas são secundárias. Elas são adicionadas depois que todas as principais decisões foram tomadas e as coisas começaram a avançar. É uma reflexão tardia."
"Isso não é a realidade aqui."
Sob o protocolo, a Igreja Metodista Unida pós-separação contribuiria com 26 milhões de dólares para o fundo e os 13 milhões restantes viriam do dinheiro que a nova igreja metodista tradicionalista proposta, concordou em desviar dos 38 milhões iniciais que deveria receber.
A Mesa Conexional, um conselho da igreja Metodista Unida que coordena o trabalho do ministério e do dinheiro, decidirá quem recebe o quê do fundo de 39 milhões de dólares. As igrejas que se mudarem para a nova denominação metodista tradicionalista seriam elegíveis para participar de programas e subsídios que atendam a seus membros étnicos desde que atendam aos requisitos.
Randall Miller disse que trouxe preocupações para as sessões de mediação "sobre justiça racial e a sensação de que o compromisso da Igreja Metodista Unida com as comunidades étnicas raciais nos EUA não estava onde deveria estar". Miller é um membro do corpo docente da United Methodist Studies, Ethics and Leadership no Pacific School of Religion em Berkeley, California.
"Portanto, foi um ato de equilíbrio ... em termos de trazer todas essas questões adiante", disse Miller, membro da equipe de negociação.
Os ativos da Igreja Metodista Unida foram adquiridos em parte por injustiças históricas, disse o Rev. Tom Berlin, pastor principal da Igreja Metodista Unida de Floris em Herndon, Virgínia, e mais um participante das negociações do protocolo.
"A Igreja Metodista Unida era cúmplice na posse de pessoas escravizadas que, em alguns lugares, literalmente ajudaram a construir nossas igrejas", disse Berlin.
"É também um investimento em nosso futuro missionário", acrescentou. “Se você investe em afro-americanos, latino-hispânicos, ilhas do Pacífico e asiáticos, está investindo no futuro dos EUA, porque estamos cada vez mais se tornando um país diverso. Nosso futuro na igreja estará conectado à nossa capacidade de alcançar pessoas diferentes.”
A Universidade Africana do Zimbábue, uma escola Metodista Unida, é nomeada no protocolo por causa "dos erros históricos que cometemos no continente africano", disse Berlin.
"Atualmente, investimos na Africa University, por isso estamos assegurando a continuação do trabalho nesses espaços", disse ele. “Não dissemos como o dinheiro deve ser usado. Simplesmente dissemos que o investimento deveria continuar.”
Easterling e Dotson indicaram que o acordo do protocolo teria sido comprometido sem a seção sobre alocações minoritárias.
"Foi uma peça muito importante para mim", disse Dotson.
Easterling disse que estava "extremamente interessada" no acordo, incluindo a alocação para ministérios minoritários.
"Nossas equipes sabem que são apoiadas e fazem parte do nosso ministério central", disse Easterling. "Não é uma distração, não é algo que as pessoas estão realizando com a bondade de seus corações, mas central para o trabalho da missão e ministério."
*Patterson é um repórter da Notícias MU em Nashville, Tennessee. Entre em contato com ele pelo telefone 615-742-5470 ou newsdesk@umcom.org. Para ler mais notícias da Metodista Unida, assine os resumos diários ou semanais gratuitos .
**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para IMU_Hispana-Latina@umcom.org