A Igreja Metodista Unida está respondendo a uma crescente crise humanitária na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, à medida que os ataques de insurgentes islâmicos aumentam, forçando milhares de pessoas a deixarem suas casas.
A Rev. Dércia Marrengula, superintendente distrital de Cabo Delgado, disse que as pessoas estão a fugir para outras províncias em busca de segurança para as suas famílias.
“No nosso distrito, temos famílias de membros de nossa igreja que ainda não sabemos onde estão,” disse ela. “Algumas dessas famílias afectadas incluem pastores, e ainda estamos fazendo buscas por telefone para ver se podemos localizá-los, mas o trabalho não é fácil.”
A insegurança nesta região rica em recursos já ocorre há alguns anos, mas a situação se intensificou nos últimos meses com o aumento dos ataques a civis, incluindo a decapitação de mais de 50 pessoas em várias aldeias, segundo a polícia estadual.
“Inicialmente, os insurgentes não matavam, violavam, roubavam, saqueavam ou faziam mal às pessoas,” disse Marrengula. “Infelizmente, a falta de atenção meticulosa por parte de nossos funcionários do governo, juntamente com o comportamento ‘pacífico’ dos insurgentes, pode ter contribuído para a formação e o rápido crescimento de uma força que agora é incontrolável.”
De acordo com a Organização Internacional das Nações Unidas para as Migrações, o número de pessoas deslocadas na área aumentou para mais de 355.000, de cerca de 88.000 no início deste ano.
“Devido ao êxodo massivo e forçado, muitas famílias estão separadas,” disse Rosa Garibo, que fugiu de Macomia com o marido e três filhos para a periferia da cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado. “Membros da mesma família estão separados uns dos outros, porém sem saber se ainda estão vivos, comidos por animais selvagens, assassinados ou sequestrados pelos insurgentes,” disse ela.
Marrengula disse que milhares de pessoas estão espalhadas pela praia. Algumas estão alojadas em abrigos em Nampula, província vizinha de Cabo Delgado, e nos distritos limítrofes de Erati, Memba, Mecuburi e Lalaua.
“Na província de Sofala, recebemos centenas de famílias que fugiram dos insurgentes em Cabo Delgado,” disse Graça Vilanculos, directora distrital de educação do Dondo e Metodista Unida.
A maioria fugiu com poucos pertences, disse Marrengula.
“Eles precisam de comida, roupas, abrigo, panelas, pratos e talheres. Eles também precisam de assistência médica. Na prática, eles precisam de tudo para começar uma nova vida,” disse ela.
As igrejas Metodistas Unidas e a Comissão Metodista Unida de Socorro (UMCOR) estão a ajudar.
“A UMCOR veio a esta parte do país para apoiar em alimentos, baldes e até materiais de proteção para COVID-19,” disse Respeito Chirrinze, coordenador de desastres da agência de socorro em Moçambique, acrescentando que os problemas de saúde nos abrigos são frequentemente maiores. “Já apoiamos mais de 500 famílias.”
Ele disse que a agência de ajuda forneceu um subsídio de $100.015 inicialmente para os sobreviventes do ciclone Kenneth no distrito de Macomia em Cabo Delgado. Mas devido ao desastre natural, instabilidade política e COVID-19, os beneficiários designados fugiram para os arredores de Pemba.
“O apoio da UMCOR acompanhou-os até lá para lhes fornecer abrigo, refeições, higiene e materiais de saúde nesta época de doença pandémica,” disse Chirrinze.
Ele disse que está se preparando para se candidatar a um subsídio de migração global através da UMCOR. “Planificamos e estamos empenhados em continuar a apoiar os sobreviventes em Cabo Delgado.”
Como ajudar
As doações podem ser feitas através da Resposta Internacional de Desastres e Avanço de Recuperação da UMCOR #982450.
Os fundos da agência de ajuda também forneceram material para construção de abrigos temporários em terrenos distribuídos pelo governo às famílias deslocadas na zona rural de Pemba e em Metuge, na província de Cabo Delgado.
As igrejas Metodistas Unidas em todo o país estão angariando fundos e juntando doações para serem canalizados para os sobreviventes do conflito armado. Eles também estão trabalhando com outras organizações humanitárias na região.
“Esperamos que, a curto prazo, o nosso apoio como igreja chegue aos nossos irmãos e irmãs em Cabo Delgado,” disse o Rev. Jacob Jenhuro, assistente episcopal no norte de Moçambique.
A Igreja Metodista Unida nesta região tem estado a crescer rapidamente desde 1997. A Conferência de Moçambique Norte foi criada em 2000.
“O rápido crescimento que se testemunha actualmente é, em parte, resultado de filhos e filhas de Deus dedicados que não medem distâncias, não olham para o tempo, as condições geográficas e ambientais para fazer a missão,” disse o Rev. Filimão Punguane Vilanculo, um ex-superintendente distrital na conferência.
Depois dos 16 anos de guerra civil, disse ele, as pessoas conseguiam mover-se facilmente nas sete províncias do norte de Moçambique, mas a recente insegurança complicou os esforços de evangelização.
“Actualmente, nas áreas afectadas, não há cultos de adoração porque as pessoas estão fugindo e procurando lugares seguros,” disse Marrengula.
Devido à insegurança nos distritos do norte de Cabo Delgado, a igreja não nomeou pastores na região na sua última sessão da conferência em Outubro de 2019.
“Como igreja, vimos a necessidade de informar e apelar aos nossos irmãos e irmãs nas áreas afectadas pelo conflito para que saiam para zonas seguras enquanto há tempo,” disse Mateus Chedeque, um membro do campo missionário de Cabo Delgado.
Marrengula disse que a igreja continuará a procurar maneiras de apoiar os sobreviventes da guerra.
“A igreja sente que deve cumprir o mandamento de Jesus Cristo no Evangelho de Mateus 22: 34-39, que fala sobre o amor e a solidariedade com o próximo.”
Gustavo é comunicador na Conferência de Moçambique Norte.
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