Pontos-chave:
- Daryl Holton foi executado na cadeira elétrica do Tennessee em 2007 pelo assassinato de seus quatro filhos em 1997.
- O reverendo Tim Holton se opôs à sentença de morte aplicada ao seu primo, embora Daryl Holton tenha renunciado a todos os recursos e aceitado sua própria execução como apropriada.
- Holton visita presos condenados à morte em Nashville toda terça-feira, alguns dos quais conheciam seu primo.
- O pastor das igrejas Metodista Unida de Caney Spring e Berlin também é membro do conselho da Tennesseans para Alternativas à Pena de Morte.
Nuvens escuras pairavam no Cemitério Simpson enquanto o Rev. Tim Holton apontava para a fileira de túmulos de quatro irmãos — três meninos e uma menina. O assassino deles, que também é pai deles, está enterrado ao lado do filho mais velho. Stephen tinha 12 anos quando seu pai atirou em sua cabeça, no estilo execução.
Stephen, Brent (10), Eric (6) e Kayla (4) são enterrados com Tickle Me Elmos, o brinquedo de Natal mais popular de 1997. As crianças foram todas assassinadas no mesmo dia e da mesma forma durante o feriado de Ação de Graças daquele ano.
Daryl Holton, que morreu na cadeira elétrica do Tennessee em 12 de setembro de 2007, acreditava firmemente que fez a coisa certa ao matar seus filhos da forma mais indolor possível, porque os tribunais mantiveram as crianças sob a custódia da mãe, que ele disse ser negligente e abusiva.
Ele acreditava que a vida deles em meio a baratas e violência em um projeto habitacional em Murfreesboro, Tennessee, era tão ruim que seria melhor estarem mortos do que com a mãe, que morreu de COVID-19.
“Ele manteve isso e sentiu que era isso que Deus havia lhe dito para fazer”, disse Tim Holton, primo de Daryl Holton e pastor das igrejas Metodistas Unidas Caney Spring e Berlin, cerca de uma hora ao sul de Nashville.
“É assim que você pode amar seus filhos”, é sua lembrança do pensamento de Daryl Holton na época.
O Rev. Tim Holton fala sobre sua oposição à pena de morte durante uma entrevista na Igreja Metodista Unida Caney Spring em Chapel Hill, Tennessee, onde ele serve como pastor. Foto de Mike DuBose, Notícias MU.
A vida de Tim Holton, que estava no ensino médio quando os assassinatos ocorreram, tem sido ofuscada pela tragédia desde então. Para complicar as coisas, Daryl Holton, após sua condenação pelos assassinatos, estava determinado a aceitar a sentença de morte e não recorrer.
Em um documentário de 2009 sobre o caso, “Robert Blecker Wants Me Dead” (Robert Blecker me quer morto), Daryl Holton disse: “Acho que a pena de morte é proporcional ao crime”.
Blecker, um advogado de Nova York que é um defensor público da pena de morte, se reuniu regularmente com Daryl Holton até sua morte. Embora eles concordassem sobre a sentença de Daryl, Blecker não conseguiu fazer o prisioneiro recuar de sua posição de que os assassinatos de seus filhos eram necessários.
“Algumas pessoas matam tão cruelmente, tão insensivelmente, com tanta depravação que merecem morrer, e temos a obrigação de executá-las”, disse Blecker no documentário. “Isso expressa claramente, simbolicamente e significativamente, que detestamos essas pessoas e é por isso que elas estão morrendo. É por isso que as estamos matando.”
Ainda assim, ao conhecer Daryl Holton, a inteligência e o humor do homem chegaram até Blecker, que se sentiu atraído por ele porque Holton “se recusava a levantar argumentos e apelos falsos”.
“Que pessoa extraordinária, extraordinária”, disse Blecker sobre um homem que ele queria que fosse executado.
Daryl Holton se recusou a permitir que seu primo o visitasse, e só ocasionalmente respondia suas cartas. Mas Tim Holton se opôs à execução publicamente, para o desânimo da maioria da família Holton. Ele também foi quem providenciou que Daryl Holton fosse enterrado ao lado das crianças.
O clã estendido não estava inclinado a mostrar a mesma compaixão. Entre isso e a questão do cemitério, Tim Holton alienou a maior parte da família. Ele não tem mais nenhum relacionamento com seus pais.
“(Eles) sentiram que Deus exige olho por olho, porque (eles são) batistas do sul, e Deus está bravo”, ele disse. “Nós deixamos Deus bravo.”
O Rev. Tim Holton segura uma foto dos quatro filhos do primo Daryl Holton, que Daryl Holton matou em 1997. Da esquerda para a direita na fotografia emoldurada estão Kayla, Eric, Brent e Stephen. Foto de Mike DuBose, Notícias MU.
Daryl Holton nunca recuou de sua posição de que matar seus filhos era a coisa certa a fazer, e também que ele merecia a execução. Em sua mente, não havia contradição.
“Daryl via as coisas em termos muito preto e branco: há o certo; há o errado”, disse Tim Holton. “Quando Darryl cometeu seu crime, seus filhos estavam morando em moradias do governo em Murfreesboro, e era o pior bairro em que você poderia estar. A mãe deles os deixava por semanas a fio. … Só por falta de um termo melhor, era um verdadeiro inferno. Era simplesmente inimaginável.”
“Então eu nunca poderei tolerar ou justificar assassinato, mas Daryl fez o que fez com o objetivo de proteger e salvar seus filhos.”
Assine a nossa nova newsletter eletrônica em espanhol e português UMCOMtigo
Você gosta do que está lendo e quer ver mais? Inscreva-se para receber nosso novo boletim eletrônico da UMCOMtigo, um resumo semanal em espanhol e português, com notícias, recursos e eventos importantes na vida da Igreja Metodista Unida
Tim Holton é membro do conselho daTennesseans for Alternatives to the Death Penalty (Tennesseanos por alternativas à pena de morte), onde ele é “a única pessoa que tem a experiência de ser família de vítimas de assassinato e família de um assassino”.
“É um lugar único”, ele disse. “Normalmente, assassinatos ocorrem fora da mesma família. Quando falo, consigo falar de ambos os lados.”
Os Princípios Sociais revisados da Igreja Metodista Unida, aprovados pelos delegados da Conferência Geral no início deste ano, reafirmam a oposição de longa data da denominação à pena de morte. O documento da igreja também pede que pastores e congregações “se comprometam a ministrar àqueles que perderam entes queridos para crimes violentos e a apoiar famílias sem julgamento enquanto navegam pelas demandas concorrentes de justiça, compaixão e cura”.
Antes de se tornarem batistas, a família Holton era metodista.
“Meu sexto ou sétimo bisavô foi (o Rev.) James Gwin (1769-1841), que foi ordenado no primeiro grupo de cavaleiros itinerantes por Francis Asbury”, disse Tim Holton.
Os Holtons também tendem a ser inteligentes. Infelizmente, a árvore genealógica é perseguida por doenças mentais e violência familiar.
Daryl Holton tinha um QI documentado de 146 e era “brilhante”, disse Tim Holton. “O QI do meu pai é tipo 138; o meu é 142.
O Rev. Tim Holton visita os túmulos de seu primo, Daryl Holton (à esquerda), e do filho de Daryl Holton, Stephen, no Cemitério Simpson em Eagleville, Tennessee. Foto de Mike DuBose, Notícias MU.
Tim Holton acredita que Daryl estava no espectro do autismo e tinha transtorno de estresse pós-traumático, o que pode ser parcialmente responsável por sua maneira rígida de ver o mundo. Ele era um especialista em armas no Exército e serviu na Tempestade no Deserto antes de voltar para casa e trabalhar na garagem de um tio.
“Ele era muito quieto, muito reservado, muito... retraído”, disse Holton. “Daryl tinha muros que tinham muros que tinham muros, então você só podia chegar tão perto de Daryl quanto Daryl deixasse.”
Há um histórico de violência na família Holton.
“Comecei a pesquisar… porque genealogia é um grande hobby meu”, disse Tim Holton. “Daryl não foi a primeira pessoa a cometer assassinato familiar na linhagem Holton. A cada poucas gerações isso acontece.”
Além de suas funções como pastor, Tim Holton visita prisioneiros condenados à morte, alguns dos quais conheciam Daryl Holton, todas as terças-feiras na Instituição de Segurança Máxima Riverbend, em Nashville.
Ele planeja estudar para ser capelão em tempo integral para pessoas como seu primo.
“A pedra fundamental do meu chamado para o ministério tem sido o corredor da morte”, disse Holton. “Tem sido assim desde a execução de Daryl. É aqui que sou chamado para estar.
“Sou chamado para passar tempo com os piores dos piores e deixá-los saber que são filhos de Deus, que são a imagem de Deus e são amados. Sou chamado para estar com eles em seus dias, não importa quão contados eles sejam. Sou chamado para estar com eles em seu último dia. É um presente tão lindo... Eu consigo amá-los em sua próxima vida.
“Eu estarei lá para eles.”
*Patterson é um repórter da Notícias MU em Nashville, Tennessee. Entre em contato com ele pelo telefone 615-742-5470 ou newsdesk@umnews.org. Para ler mais notícias Metodistas Unidas, assine gratuitamente os resumos quinzenais.
**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para IMU_Hispana-Latina@umcom.org.