Metodistas angolanos promovem sustento pastoral e comunitário através da agricultura

Membros da Igreja Metodista Unida Dona Melba em Cangandala, distrito de Malanje, desmatam terra arável para fazer lavra de autossustento da igreja local, distrito e a Conferência. Foto de João Nhanga, Noticias MU.
Membros da Igreja Metodista Unida Dona Melba em Cangandala, distrito de Malanje, desmatam terra arável para fazer lavra de autossustento da igreja local, distrito e a Conferência. Foto de João Nhanga, Noticias MU.

Pontos Chaves:

  • O projecto agrícola de 2 hectares em Malanje simboliza o renascimento da fé activa e do desenvolvimento sustentável, unindo espiritualidade, trabalho e esperança nas comunidades metodistas angolanas.
  • Sob a liderança visionária do Bispo Moisés Jungo, a Igreja Metodista Unida no Leste de Angola transforma a agricultura comunitária em um instrumento de autossuficiência e fortalecimento da missão cristã.
  • Inspirada pela visão de João Wesley e pela herança missionária de William Taylor, a prática da Mulenga volta a frutificar como expressão viva de fé que se traduz em acção e serviço comunitário.

A Igreja Metodista Unida no Leste de Angola reforça o compromisso com a autossustentabilidade e o desenvolvimento agrícola através da revitalização da Mulenga, uma prática tradicional de cultivo colectivo entre os fiéis. A iniciativa ressurge num momento em que o Governo angolano, por meio do Plano Nacional de Desenvolvimento 2023–2027, prioriza o relançamento da produção agrícola como pilar de combate a pobreza, redução do déficit alimentar e melhoria das condições de vida das populações vulneráveis.

O Ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, destacou que “mecanizar e investir na agricultura é fundamental para consolidar o projecto nacional de produção em grande escala”, um objectivo que encontra eco na ação comunitária e missionária da Igreja Metodista Unida.

Sua Reverendíssima Bispo Moisés Bernardo Jungo, líder da Igreja Metodista Unida no Leste de Angola, apelou ao retorno da prática da Mulenga, recordando com emoção as décadas passadas, quando via crianças, jovens e adultos unirem-se para trabalhar nas lavras da igreja em benefício da comunidade.

“Mesmo criança, eu via meus pais e vizinhos irem a lavra da Igreja. E como aluno, também vivi essa experiência, indo trabalhar no campo com os colegas para ajudar o professor. Essa prática formava o carácter e o sentido de comunidade,” partilhou o Bispo.

Durante os seus encontros com pastores e leigos, o Bispo tem exortado os fiéis a retomarem a agricultura comunitária como instrumento de fortalecimento da igreja e do povo.

“Não podemos ter uma igreja pobre se temos muitas terras aráveis nas missões do Quéssua e Quiôngua,” afirmou o bispo, incentivando as congregações a transformarem fé em ação produtiva.

Idosos, adultos, jovens e adolescentes, membros da Igreja Dona Melba em Cangandala, concentram-se defronte o Templo para juntos dirigirem-se a cooperativa da igreja, localmente chamada de Mulenga. Foto de João Nhanga, Noticias MU.
Idosos, adultos, jovens e adolescentes, membros da Igreja Dona Melba em Cangandala, concentram-se defronte o Templo para juntos dirigirem-se a cooperativa da igreja, localmente chamada de Mulenga. Foto de João Nhanga, Noticias MU.

O Distrito Eclesiástico de Malanje, através da Igreja Metodista Unida da Dona Melba, deu início a um projecto agrícola inovador, cultivando 2 hectares de terra com produtos diversos, como mandioca, milho, feijão, amendoim, couve, repolho, cebola e tomate.

Sendo uma igreja de base rural, os fiéis têm realizado o cultivo com ferramentas manuais como enxadas, catanas e machados, simbolizando o esforço e a perseverança de uma comunidade que transforma o trabalho agrícola em expressão de fé e sustento.

“Trabalhar no campo para fortalecer a cidade é apostar num desenvolvimento equilibrado, onde a produção agrícola apoia a economia urbana e ambos crescem de forma sustentável e solidária”, afirmou Tiago Justo, presidente da Junta Administrativa da Igreja Dona Melba.

A Mulenga é uma lavra colectiva cultivada pelos membros da igreja local, criada com o propósito de diversificar as fontes de sustento da igreja e promover a autossuficiência comunitária. A colheita destina-se ao apoio da família pastoral, a ajuda dos mais necessitados e a geração de receitas para as actividades eclesiásticas.

Esse modelo missionário reflecte a visão de sustentabilidade que acompanha o metodismo desde o século XIX.

Terreno preparado manualmente, para receber culturas de longa e curta duração para produção de  mandeoca, feijão e outros produtos. Foto de João Nhanga, Notícias MU.
Terreno preparado manualmente, para receber culturas de longa e curta duração para produção de mandeoca, feijão e outros produtos. Foto de João Nhanga, Notícias MU.

Inspirado pelo missionário William Taylor, que em 1885 chegou a Angola com o princípio da autossustentação, o movimento metodista tornou-se num exemplo de fé, prática e liderança local.

“A Mulenga é mais do que uma lavra, ela é uma forma de pregar a palavra de Deus com as mãos, partilhar com o coração e alimentar a fé de toda uma comunidade”, afirmou Benjamim Bande, guia leigo da conferência anual do Leste de Angola.

No passado, a prática da Mulenga era um símbolo de união e serviço comunitário.

No entanto, durante o período pós-conflito, a tradição perdeu força, com muitas igrejas a dependerem de ajudas externas.

Ao alinhar a fé metodista a agenda agrícola nacional, a Igreja Metodista Unida reafirma-se como parceira do desenvolvimento sustentável, promovendo solidariedade, dignidade e autossuficiência nas comunidades rurais angolanas.

Desde os tempos de João Wesley até aos dias actuais, o Metodismo continua a unir fé, trabalho e justiça social.

João Nhanga é um comunicador da Conferência Anual do Leste de Angola.

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Missão
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