Palavras Chaves:
- A igreja precisa acabar com seu legado de missão como expressão colonial, priorizar a saúde mental de nossos líderes e aproveitar as emoções das dificuldades coletivas dos africanos e seguir em frente.
- A maioria dos bispos na África prometeu que a Igreja Metodista Unida continuará em suas áreas e resolveu não apoiar os esforços para dissolver a denominação.
- Vamos explorar as possibilidades que nos permitem fortalecer as nossas relações e permanecer conectados missionariamente.
Foto por Kathleen Barry, Noticias da MU.
O autor de 1º Pedro 1:17-23 (NVI) focaliza o papel dos apóstolos que Deus escolheu para compartilhar o evangelho. “Pois vos nascestes de novo, não de semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra viva e duradoura de Deus,” diz a passagem.
O Dr. Reggie Nel, da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, dirigiu-se à consultação da missão dos Ministérios Globais em África em Maputo, Moçambique, em Abril. Ele nos desafiou a reflectir sobre como o colonialismo, o racismo, a dor e o trauma continuam a impactar a igreja em África. Falando palavras de esperança, ele observou que não podemos simplesmente “regredir”, mas também “avançar para frente”.
Suas palavras me lembraram da necessidade de acabar com o legado da “missão” a serviço das aspirações coloniais dos países de origem; a necessidade do trabalho de luto, priorizando principalmente a saúde mental de nossa liderança; e a necessidade de aproveitar as emoções do trauma colectivo e das dificuldades do povo Africano e seguir em frente.
A Agenda de África 2063, elaborada pela União Africana, prevê onde podemos estar em apenas algumas gerações. Como modelo e plano mestre para transformar a África na potência global do futuro, a Agenda de África 2063 afirma que os nossos desafios históricos podem ajudar-nos a sermos uma Igreja Metodista Unida, holisticamente saudável, missionária e descolonizada.
Comentários
A maioria dos líderes episcopais em África prometeu que a Igreja Metodista Unida continuará em África, mesmo depois da nossa próxima Conferência Geral, que foi adiada para 2024. A maioria dos bispos Africanos decidiu não apoiar nenhuma legislação proposta que exija a divisão ou dissolução da Igreja Metodista Unida, uma denominação que continua engajada no evangelismo, saúde, educação, segurança alimentar, liderança, paz e justiça, bem como questões ambientais.
“Defendemos nossos valores como uma igreja conexional e mundial,” disseram eles, “comprometidos em 'fazer discípulos de Jesus Cristo, para a transformação do mundo'”.
Durante um retiro em Setembro de 2019, o Colégio dos Bispos da África conversou com vários grupos que propuseram novos planos para o futuro da denominação. Os bispos ficaram perturbados ao saberem que dezenas de conversas sobre o futuro da Igreja Metodista Unida estavam ocorrendo nos Estados Unidos sem conferência central ou representantes Africanos. Eles encorajaram os delegados da conferência central a avançar e elaborar uma legislação que tratasse desse assunto.
O fruto de seu trabalho foi a legislação do Pacto de Natal. Aprecio especialmente o grupo da Aliança de Natal por tentar desconstruir as estruturas da nossa igreja por meio da proposta de criação de conferências regionais. Na minha humilde opinião, a criação de conferências anuais regionais permitirá que a África seja uma região onde a posição tradicional sobre casamento e ordenação serão mantida.
Em duas declarações públicas à igreja geral em Setembro de 2015 e Setembro de 2018, os bispos Africanos concordaram com o seguinte:
- Como Igreja Metodista Unida Africana, não apoiamos a prática da homossexualidade porque é incompatível com a maioria dos valores culturais Africanos e realidades contextuais
- Não aceitamos nenhum plano que implique a dissolução da igreja e, por norma, o fechamento de agências gerais
- Mesmo que a Igreja Metodista Unida se divida, a África continuará a ser uma Igreja Metodista Unida.
- Continuaremos a ser uma igreja evangélica, missional e focada na Bíblia, global e conexional.
Os bispos insistiram que não permitiriam que negociações ou planos de violação da denominação determinassem sua identidade. Embora o Protocolo de Reconciliação e Graça através da Separação tenha sido resultado dos esforços de alguns bispos da conferência central em sua criação, os bispos Africanos ficaram chocados com a direção que esse processo tomou e, portanto, não podiam mais apoiar a legislação.
“Não podemos permitir que uma divisão na Igreja Metodista Unida mundial dívida a igreja Africana novamente,” disseram eles. “Não podemos permitir que uma divisão na igreja nos reduza ainda mais a cidadãos de segunda classe numa igreja que só precisa de nós quando quer nossos votos. Temos sido de segunda classe por muito tempo. Acreditamos que, como Africanos, temos o direito de autodeterminação e … o direito de falar por nós mesmos e determinar quem queremos ser”.
A liderança da Associação do Pacto Wesleyano/Boa Nova e da Igreja Metodista Global têm tentado dividir nossa igreja na África. Os Metodistas Unidos Africanos devem resistir de serem usados como representantes da Igreja Metodista Global e de outros grupos separatistas dos EUA. Vos convido a exercer autodeterminação e falar por vos mesmos com base em vossa própria experiência e na comunidade de vossa igreja.
Embora todos compartilhemos nossa identidade Wesleyana, grandes diferenças permanecem no que diz respeito à sexualidade humana. Todos nós somos filhos de Deus, criados à imagem de Deus. É fundamental que nos concentremos em construir relacionamentos.
Nossa vida cristã deve ser tanto sobre nosso relacionamento vertical com Deus quanto sobre nossas relações horizontais com outras pessoas, especialmente aquelas que não pensam como nós ou não se parecem conosco. Cristo inaugurou esse novo modo de ser ao interagir com a Samaritana no poço e com Zaqueu, o cobrador de impostos. A missão deve ser primeiro sobre a construção de relacionamentos uns com os outros.
Em Hebreus 10:23-25 (NASB), lemos: “Retenhamos firmemente a confissão da nossa esperança, sem vacilar, porque aquele que prometeu é fiel; e vamos considerar como estimular uns aos outros ao amor e boas ações, não abandonando nossa própria reunião, como é o hábito de alguns, mas encorajando uns aos outros; e ainda mais quando vedes que o dia está chegando.´´
Não vivemos plenamente a experiência da Ceia do Senhor como nosso fundador John Wesley a entendia. O conceito de avançar deve nos levar a buscar a cura em nossos relacionamentos e companheirismo, a fim de levar adiante a missão de Deus no continente Africano e no mundo.
Muitas conversas actuais falam do perigo de promover a unidade na diversidade no que diz respeito à compreensão do pecado. O que as Escrituras dizem sobre o pecado? Somos todos pecadores, e o Senhor tem misericórdia de nós, perdoa-nos, salva-nos e envia o Espírito Santo aos nossos corações. Ninguém merece. Somos salvos pela graça de Deus. Compartilhamos esse vínculo comum.
Olhando para a próxima Conferência Geral, os bispos Africanos exortaram “toda a denominação a exercer moderação e trabalhar em direção a uma abordagem do debate sobre a sexualidade humana de maneira humana e respeitosa”. A Conferência Geral de 2024 não deve ser sobre redefinir a definição de casamento, mas sim enfatizar a importância da missão e dos ministérios adaptados a todas as realidades contextuais. As conferências regionais serão caminhos por onde cada região pode procurar adaptar suas realidades contextuais para maximizar a missão e os ministérios e fazer mais discípulos para Jesus Cristo.
Vamos explorar as possibilidades que nos permitem fortalecer nossos relacionamentos e permanecer conectados missionariamente. Isso também pode significar encorajar uns aos outros no amor. Várias questões e eventos afectam toda a humanidade. Guerra, pobreza, desastres naturais, racismo, colonialismo, violência armada e outras formas de opressão já nos colocam num estado de trauma coletivo.
E que tal se houvesse um reavivamento de encorajamento na nossa Igreja Metodista Unida? E que tal se a Igreja Metodista Unida Africana assumisse a liderança em estimular a nossa Igreja Metodista Unida em todo o mundo, destacando as coisas maravilhosas que acontecem em nossas respectivas comunidades em torno de evangelismo e crescimento da igreja, saúde, segurança alimentar, desenvolvimento de liderança, batismo e adoração?
A comunidade da igreja deve ser um lugar de paz, cura, recuperação e encorajamento.
Muitas pessoas estão procurando abrigo, e nossa comunidade da igreja pode ser esse abrigo para elas.
*Muyombo é o líder episcopal da Área Norte de Katanga da Igreja Metodista Unida.
**Sambo é o correspondente lusófono para África das Notícias da UM.
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