Pontos chave:
- A Conferência de Arkansas se reuniu em sessão especial em 19 de novembro, aprovando 35 igrejas para desfiliação, mas não outras três.
- As sessões especiais de outras conferências anuais dos EUA aprovaram todas as desfiliações.
- A sessão especial da Conferência de Arkansas ouviu alguns que questionaram a justiça do processo de desfiliação seguido por certas igrejas.
Uma sessão especial da Conferência de Arkansas tomou a ação aparentemente sem precedentes de bloquear a desfiliação de três igrejas, enquanto aprovava 35 outras para deixar a Igreja Metodista Unida.
Durante uma reunião emocionante de 19 de novembro, a conferência votou contra a ratificação da desfiliação da Primeira Igreja Metodista Unida de Jonesboro, Primeira Igreja Metodista Unida de Searcy e Igreja Metodista Unida de Cabot.
Todas as igrejas haviam aprovado a exigência de um voto congregacional com pelo menos dois terços a favor da desfiliação.
Mas a aprovação da conferência é outro requisito. E na sessão especial, realizada no Centro de Convenções de Hot Springs, os palestrantes levantaram questões sobre a justiça do processo que leva aos votos dessas congregações.
Quase 20 conferências dos EUA agendaram conferências especiais este ano e até agora a maioria aprovou todas as desfiliações na agenda. Mas não o Arkansas.
“O que aconteceu foi que as pessoas votaram, e isso vai soar banal, mas eles votaram de coração sobre se achavam que uma igreja deveria se desfiliar”, disse o bispo da Conferência de Arkansas, Gary Mueller, à Notícias MU.
A Conferência do Arkansas enfrenta a questão de qual recurso existe para as igrejas que superaram o obstáculo do voto dos membros da igreja e chegaram a um acordo de desfiliação com o conselho de curadores da conferência - mas perderam na votação na sessão especial.
“Eu diria que eles têm o direito de reenviar o acordo de desfiliação ou têm o direito de passar pelo processo novamente”, disse Mueller. “Estamos meio que em um território desconhecido.”
O Rev. John Miles postou um vídeo para informar a igreja que ele lidera, a Primeira Metodista Unida de Jonesboro, que a conferência não aprovou sua desfiliação.
“Isso é muito desanimador, mas não é o fim da linha”, disse ele. “Há muito mais que podemos fazer. E vamos nos reagrupar e pensar sobre isso. … Quando voltarmos do Dia de Ação de Graças, nos reuniremos com nosso conselho administrativo, receberemos sua opinião e começaremos a analisar nossas opções para o que vem a seguir.
Em 31 de julho, a igreja de Jonesboro votou com 69% para sair, pouco acima dos dois terços necessários. Nenhuma das outras igrejas que buscam a aprovação da desfiliação na sessão especial teve uma votação tão próxima, em termos percentuais.
Stay UMC (Permaneça IMU) Jonesboro é um grupo de membros da Primeira Metodista Unida de Jonesboro que se opôs fortemente à desfiliação e criou um site e usou a mídia social para argumentar que o processo que levou à votação da igreja incluiu desinformação e, de outra forma, foi injusto. Um contingente vestido de vermelho do Stay UMC Jonesboro compareceu à sessão especial como observadores.
Após a sessão especial, a Stay UMC Jonesboro postou uma declaração:
“Agradecemos hoje por uma votação que reconheceu as preocupações levantadas sobre o processo de desfiliação na Primeira Igreja Metodista Unida de Jonesboro…. Estamos ansiosos pela oportunidade de começar de novo unidos em nosso lar espiritual para fazer discípulos de Jesus e amar uns aos outros.”
O pastor da Primeira Metodista Unida Searcy, o Rev. Jeff Jackson, se recusou a comentar sobre a decisão da sessão especial, dizendo que sua igreja está focada em oração e cura.
Mark Eldridge faz parte de um grupo da Primeira IMU de Searcy que se opõe à desfiliação e disse que as decisões da sessão especial mostraram preocupação com a situação do que ele chamou de “metodistas deslocados”.
"Estou feliz que foi reconhecido", disse ele.
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Os líderes da Igreja Metodista Unida de Cabot não responderam imediatamente ao pedido de comentário.
A igreja Cabot votou com 79% para se desfiliar, e a igreja Searcy por 71%.
A Igreja Metodista Unida há muito enfrenta divisões internas sobre a inclusão LGBTQ e outras questões. A contenciosa Conferência Geral de 2019 resultou em proibições reforçadas da ordenação de clérigos gays “autodeclarados praticantes” e da celebração de casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Essa mesma assembleia legislativa da igreja aprovou a adição do parágrafo 2.553 ao Livro de Disciplina, reconhecendo as profundas divisões sobre a homossexualidade. A provisão no livro de política da denominação permite que as igrejas que atendem a uma série de requisitos deixem a denominação com propriedade - ganhando liberação da cláusula de confiança da denominação. A provisão expira no final de 2023.
No início de 2020, um plano para permitir uma divisão amigável da denominação foi anunciado por um grupo diversificado de líderes da igreja. Mas os atrasos da Conferência Geral relacionados à pandemia impediram que o plano fosse considerado.
Enquanto isso, uma denominação tradicionalista separatista, a Igreja Metodista Global, se formou, e muitas igrejas tradicionalistas tentaram sair da Igreja Metodista Unida sob o parágrafo 2553.
Em 19 de novembro, quatro outras conferências dos EUA - North Carolina, Indiana, West Ohio e Dakotas - também tiveram sessões especiais para aprovar desfiliações.
A Conferência da Carolina do Norte aprovou a saída de 249 igrejas. Isso representa 32% das congregações da conferência e cerca de 22% dos membros da conferência.
Uma contagem da Notícias MU mostra que, após as sessões de 19 de novembro, 1.314 igrejas foram aprovadas para desfiliação por conferências anuais, com 1.131 dessas aprovações ocorrendo este ano.
A Igreja Metodista Unida tem cerca de 30.000 congregações nos EUA.
A Conferência do Arkansas tem visto um conflito considerável e acalorado sobre a desfiliação, com a mídia social sendo um campo de batalha.
Mueller, que se aposentará no final do ano, usou seus comentários de abertura na sessão especial para lamentar como as divergências aconteceram.
“Eu vejo isso como o Corpo de Cristo sendo dilacerado, não por outros, mas por nós”, disse ele.
Antes do início do debate na sessão especial, Mueller pediu aos presentes que se dessem as mãos e orassem juntos.
A longa reunião incluiu discursos questionando a justiça de certos votos da igreja local e observando que as desfiliações limitariam ou até removeriam o testemunho Metodista Unido em algumas partes do estado. Outros argumentaram que as igrejas desfiliadas seguiram o processo, inclusive tendo seus acordos de desfiliação assinados pelo conselho de curadores da conferência.
A maioria simples dos votos era necessária para aprovar ou desaprovar a desfiliação. A primeira votação de Jonesboro foi de 254 a favor da aprovação e 335 contra. A votação da igreja Searcy foi de 287 para aprovação e 305 contra. Com a igreja Cabot, 296 votaram para aprovar a desfiliação e 310 se opuseram.
Mueller disse à Notícias MU que tinha total confiança nos superintendentes e curadores distritais enquanto eles trabalhavam com igrejas que caminhavam para a desfiliação. Mas ele também não questionou a decisão dos membros da conferência de não aprovar as desfiliações das igrejas Primeira de Jonesboro, Primeira de Searcy e Cabot.
“Eram metodistas unidos se reunindo para uma conferência e eles tomaram as decisões que queriam tomar.”
*Hodges é um escritor baseado em Dallas para o Notícias Metodista Unida. Entre em contato com ele em 615-742-5470 ou newsdesk@umcom.org. Heather Hahn contribuiu para este relatório. Para ler mais notícias Metodistas Unidas, assine os resumos quinzenais gratuitos.
**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para IMU_Hispana-Latina@umcom.org.
Durante o intervalo, os delegados e observadores formaram um círculo de 200 a 300 pessoas, batendo palmas e cantando hinos como "Child of God" e "Draw the Circle Wide".
Muitos abraçaram-se e mais do mais alguns choraram, numa libertação em massa de alegria para aqueles que tinham pressionado, alguns durante décadas, para tornar a Igreja Metodista Unida totalmente inclusiva.
A cena foi um contraste marcante com a da Conferência Geral especial em St. Louis em 2019, que deixou progressistas e muitos centristas na denominação perturbados com o endurecimento das restrições contra a participação LGBTQ.
Marilyn Murphy, uma observadora da Conferência da Carolina do Sul que viu a igreja debater esta questão durante décadas, disse que ficou surpreendida por ter sido incluída no calendário de consentimento, mas não surpreendida por ter sido aprovada.
"Temos feito isto desde os anos 70 e, finalmente, em poucos minutos, sem qualquer debate, o assunto desapareceu. E agora podemos continuar com os assuntos da igreja".
Virginia Lee, uma observadora da Conferência da Virgínia, partilhou a sua alegria.
"É um grande dia! E isso diz tudo".
Esta é uma história em desenvolvimento.
Sam Hodges e Jessica Brodie, da Nótícias MU, contribuíram para este relatório.
*Amanda Santos é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para Rev. Gustavo Vasquez, editor de notícias, newsdesk@umcom.org.
